domingo, 30 de outubro de 2011

Maria Adelaide Amaral - De Braços Abertos

"Eu tinha vontade de estar com você e alguma coisa dentro de mim apontava o telefone e exigia que eu fosse espontânea, verdadeira... eu devia me expor a você, sem reticências, sem jogos... mas ao mesmo tempo eu tinha medo de me dissolver, de me perder, de não ser mais eu, mas apenas um ser apaixonado... e tinha principalmente vergonha da minha ansiedade, da minha carência... se eu as exibisse a você, talvez você se assustasse e fugisse... e então eu ocultava os meus excessos, me mostrava distante, forte, blasée... e o que eu acabava mostrando a você era um arremedo de envolvimento, mesmo sabendo que isso nos fazia muito mal... eu odiava a dependência, a sujeição, a espera contínua por uma palavra, um gesto... era como se você fosse Deus e estivesse em suas mãos decidir a minha felicidade ou a minha desgraça... como suportar o fato de estar inteiramente subjugada a você? Como suportar teus atrasos, tua ausência... como ficar à espera e olhar para o relógio e sentir o tempo passar e construir mil histórias sobre o atraso... primeiro te desculpando, depois te acusando e prometendo a mim mesma fazer um escândalo quando você chegasse... e quando você chegava, eu ficava tão perturbada, tão feliz, tão grata, que esquecia imediatamente a raiva e a humilhação da espera... fico pensando no tempo em que desperdicei tentando dissimular, mascarar minha incontrolável dependência de você... durante meses ocultei minha loucura, me contive, sufoquei, fui civilizada... civilizada na minha fúria, civilizada na minha dor, civilizada em momentos que eu não devia ser..."

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Mundo p a r a l e l o .

Definitivamente estou em outra fase. Uma fase que possui oscilações de emoções e sentimentos. Fase onde não consigo mais ver as coisas/pessoas com os mesmos olhos diariamente. Hoje, estou adorando um conversa, um telefonema, uma mensagem. Amanhã, já estou olhando torto, já não respondo aquele sms, ignoro qualquer tipo de contato que possamos vir a ter.
Ando fugindo das pessoas, das amizades, dos laços fortes. Ando correndo de carinhos, de apegos, de contatos excessivos. Ando me fechando pro mundo, ando me fechando para as pessoas. E pra felicidade, talvez..
De repente isso tudo seja só fantasia da minha mente.... ou, seja porque eu realmente nasci pra ser assim... sem muitos contatos com as pessoas. De repente eu nasci pra ser, de certa forma, uma egocêntrica qualquer, que se tranca em seu próprio mundo, achando que ele gira ao seu redor somente. Ta aí, gostei. Acho que eu acabo de definir essa minha fase:
egocêntrica-sem-vontade-de-nada-totalmente-trancada-no-meu-mundinho-expulsando-intrusos.

Parece que a solidão, o vazio e a carência já são suficientes pra me tornar completa. Parece que, o fato de eu não ter ninguém ao meu redor me faz respirar melhor, me faz me sentir mais leve, mais livre. É como se eu estivesse me entregando para o nada, me entregando e me tendo ao mesmo tempo, num ciclo de 'ação e reação'. É como se eu falasse 'eu te quero' pra alguém, querendo dizer 'fica longe de mim' ... é como se eu falasse 'me toma pra você' mas na verdade querendo falar 'nunca vou me entregar pra você' .

Mas deixa... amanhã isso muda. Amanhã eu já sou outra. (ou não)

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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Caio Fernando Abreu


"Fingir que está tudo bem, os olhos borrados, o canto da boca levemente mordido na tentativa de matar a vontade que grita, que arde. Fingir que está tudo bem enquanto o telefone não toca, a vida não gira. Fingir que está tudo bem, o coração a tilintar feito pequenos cristaizinhos pulando no chão. Odeio amar, não é engraçado? Amanhã tento de novo. Amar só é bom se doer. Desculpe tanta sede, tanta insatisfação. Amanhã, amanhã, recomeço. Te espero. Te Beijo."